Achamos o culpado para a decadência do futebol brasileiro: a culpa é da MRV. Isso mesmo, a culpa é da MRV. É lógico que estamos falando no sentido figurado, usando o nome dessa enorme e bem-conceituada empresa como pano de fundo para a especulação imobiliária, que acabou com os campinhos de bairro e, aliada aos celulares cada vez mais potentes e à violência nas ruas, levou embora a magia do futebol.

Hoje, jogadores são formados em campos sintéticos. Isso mesmo: jogadores são formados — não são mais crianças brincando com bola de meia, chutando cofrinho ou qualquer coisa que aparecesse no intervalo da aula, esperando ansiosamente a hora de chegar em casa para aquele amistoso contra a rua de cima, valendo “chup-chup” ou “laranjinha”, como queiram.
Agora, observamos jovens de 8, 9 anos com redes “antissociais” bem montadas, já com a profissão de atleta. A magia acabou. É preciso rever os conceitos de formação, se quisermos voltar a ter Pelés, Garrinchas, Reinaldos, Zicos e, por que não, Neymares — que é, literalmente, o último dos moicanos.

Vivemos numa cidade que não tem um time nas categorias de base do estado, cercada por escolinhas que “brigam” — literalmente — entre si “pelo cliente” e onde, cada vez mais, torna-se caro manter um menino no esporte bretão. Ainda resta a FUTEL para ceder espaço e professores competentes nessa difícil tarefa de sonhar.

Ah, que saudade do meu tempo de criança, quando o racha só terminava quando escurecia. Que saudade!

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