O anúncio da proposta de Fábio Mineiro para assumir 90% do futebol do Uberlândia Esporte Clube por R$100 milhões em 15 anos dividiu opiniões. Uns acham pouco. Outros, um milagre. Mas antes de criticar, é preciso encarar a realidade: o Uberlândia não é mais um clube grande. Está na Série D, sem relevância nacional há décadas, e vive de migalhas. Então, a pergunta que fica é: quem ofereceria mais?

O valor é baixo? Só para quem não faz as contas

R$100 milhões em 15 anos significa R$6,6 milhões por ano. Pode não parecer um valor estratosférico, mas vamos ao contexto:

  • O Uberlândia não tem patrocínios milionários.
  • O clube não enche estádio nem vende jogadores por fortunas.
  • A Série D nem Campeonato Mineiro não dá visibilidade para atrair grandes investidores.

Ou seja: de onde viriam esses R$6,6 milhões anuais sem um investidor? Da vaquinha da torcida? Dos sócios? Do bingo beneficente?

Além disso, o contrato prevê que, se o projeto for bem-sucedido, o valor pode dobrar para R$200 milhões. Isso é pouco? Só se comparado ao que times da Série A recebem. Mas o Uberlândia não é um time da Série A. E, sem essa injeção de recursos, pode nunca mais chegar lá.

SAF é risco ou salvação?
Quem tem medo de virar SAF parece achar que o clube hoje é uma maravilha de gestão. Spoiler: não é. O Uberlândia vive no sobe e desce do futebol mineiro, sem planejamento, sem estabilidade e sem futuro.

A grande vantagem da proposta de Mineiro? Tira o clube da gangorra das eleições. Em vez de trocar de presidente a cada três anos – e enterrar projetos no meio do caminho –, o time teria continuidade. E isso é o que mais falta no futebol brasileiro.

E tem mais: o patrimônio (estádio, sede, terrenos) continua sendo do clube. A SAF só compra os direitos do futebol. Ou seja, se der errado, o Uberlândia não perde sua história. Se der certo, pode voltar a ser relevante.

Quem tem a perder? Só quem quer usar o Uberlândia Esporte politicamente. Com a SAF administrando o futebol, não haverá palco para isso.

Mineiro sabe o que faz – e o Uberlândia, não
Enquanto o Uberlândia patina há 28 anos (desde a queda para o Módulo II em 1997), Fábio Mineiro pegou um time amador (Athletic-SJDR) em 2015 e o levou à Série B em uma década. Alguém duvida que ele entende mais de gestão do que os cartolas de plantão?

O que o Uberlândia tem a perder? Mais 20 anos na obscuridade? Mais temporadas brigando para não cair no Mineiro? Mais promessas vazias de dirigentes que não entregam?

Conclusão: é aceitar ou afundar
R$100 milhões em 15 anos não é esmola. É um plano realista para um clube que já não tem mais tempo a perder. Se recusarem, qual será a próxima proposta? Ninguém está na fila para investir no Uberlândia.

O conselho e o acionistas precisam escolher: quer nostalgia ou quer futuro? Porque, do jeito que está, o clube só tem passado. E passado não enche estádio, não traz títulos e não paga conta. Eles estão com a decisão. Vão abraçar a chance de renascer ou vão enterrar o clube na mesmice? O tempo dirá. Mas ele não costuma ser generoso com quem fica parado.

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