Tenho acompanhado de perto a situação do Vasco, clube do coração do nosso amigo e companheiro de bancada, Trivela. E, sinceramente, está ficando difícil entender até onde vai o papel do torcedor e onde começa a insanidade travestida de paixão.
Na semana passada, Pedrinho, presidente do Vasco, deu uma entrevista que me deixou inquieto. Segundo ele, um influencer vascaíno divulgou seu endereço pessoal e o atacou com ofensas tão graves que o levaram a dizer, publicamente, que se algo acontecesse com ele ou sua família, o responsável seria esse influencer. Um absurdo. Mais absurdo ainda é o próprio influencer alegar ter sido agredido, algo que Pedrinho nega com firmeza — e, sendo sincero, acredito no Pedrinho.
Mas ontem a situação atingiu um novo e assustador nível: a polícia descobriu um plano para sequestrar o presidente do clube. Sequestrar. Por causa de futebol. Ora, onde fomos parar?
Esse episódio no Vasco é só a ponta de um iceberg podre e perigoso que vem se espalhando por vários clubes do país. A relação torcida-clube está adoecida. O amor virou cobrança, a cobrança virou ameaça, e a ameaça está virando crime. Vamos esperar alguém morrer para dizer que passamos do ponto?

Torcer é amar. É sofrer, sim, mas é também vibrar, apoiar, carregar bandeiras e memórias. O futebol foi feito para unir, não para virar campo de guerra. Hoje, ser torcedor virou um fardo. Já não se pode levar o filho ao estádio sem medo. Já não se pode discordar de uma gestão sem virar inimigo público.
Em São Paulo, adotaram a torcida única. Um erro grotesco. Mas como tirar a razão, diante de tanta violência?
Estamos perdendo a essência do que é torcer. E, pior, estamos correndo o risco de perder o que o futebol tem de mais bonito: a paixão que move, não a que destrói.




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